Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Belo Horizonte (escrito num precioso parêntese)

Belo Horizontem (apanhado do Rubem Braga, 
conforme a memória distante do livro que ficou no Rio).
Hoje.
Amanhã.
Não sei por que não chamam a esta de
cidade maravilhosa.
Talvez seja a cidade,
talvez seja apenas meu olhar,
talvez seja a companhia certa dos amigos,
que me traz um sentimento raro de pertencimento,
aquele de que fala a Clarice Lispector,
que encontro aqui, e me é um completo mistério.
Talvez seja a ação do tempo e da distância
criando esse complexo de sensações,
por efeito da saudade,
palavra ímpar da língua portuguesa.
Talvez tudo isso e um "a mais".
Mas, disse o saudoso poeta (Carlos "José" Drummond de Andrade),
Minas não há mais.
Eu amo Minas Gerais.

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