Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 23 de janeiro de 2011

educar-me para a solidão

Fiz um post com esse título, pondo a palavra livros entre parênteses e a canção de Caetano Veloso a ilustrar o dito, apenas para não perdê-lo de vista. Trata-se de uma intuição que me veio numa conversa com uma amiga, em que passávamos em revista questões difíceis de adjetivar, envolvendo isso que se chama existência. Então me veio a intuição, já traduzida em palavras, a possibilidade de educar-me para a solidão, não exatamente no sentido que a palavra educação comporta, mas antes como a assunção de uma ética (e uma estética) que pressuponha uma atividade de distanciamento meditado. Educar-me para a solidão, sobretudo depurar-me do que é contingente demais, acessório. Pode ser só uma fase, pode ser uma escolha definitiva. 

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