Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Genesis - Watcher of the Skies


Indicação do Zé Alberto. "Watcher of the skies watcher of all / His is a world alone no world is his own, / He whom life can no longer surprise." Isso merece um trecho da Clarice Lispector: "O mais difícil é não fazer nada: ficar só diante do cosmos. Trabalhar é um atordoamento. Ficar sem vontade fazer nada é a nudez final. Há uns que não aguentam. Então vão se divertir. Estou escrevendo de madrugada. Talvez porque não queira ficar só diante do mundo. Mas de algum modo estou acompanhada. Não sei explicar. É bom." (A descoberta do mundo, p.375)

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