Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Jefferson Airplane - Somebody to Love


Esta ótima música, que tem tudo de rock'n roll, está na 279ª posição no ranking da revista Rolling Stone (edição especial de colecionador, 2010) das 500 maiores músicas de todos os tempos (aqui, aqui, aqui...). Sou apenas uma conhecedora razoável, para não dizer amadora, de música, mas a partir da 3ª eu já discordei (com qualquer ranking deve ser assim). E é claro que o ranking está circunscrito ao universo pop rock em língua inglesa, século XX, com alguma coisa do XXI. 500 greatest songs of all time: na língua inglesa, song não recobre o mesmo campo semântico de music. Diz o Oxford em song: "a short piece of music with words that you sing";  music: "sounds that are arranged in a way that is pleasent or exciting to listen to. People sing music or play it on instruments: pop/dance/classical/church music", já aí entrando na espinhosa questão de gêneros e classificação. Então na tradução brasileira seria mais apropriado as 500 melhores canções de todos os temposMas o fato é que a Rolling Stone queria fazer seu ranking do pop rock em língua inglesa e escolheu um título atraente, não havia muito o que pensar quando o assunto é capa, e a tradução brasileira cochilou, ou pensou mais no mercado que na semântica. Em tempo: a música de Jefferson Airplane foi tema do ótimo Um Homem Sério (2010), dos irmãos Coen (segue o trailer e um comentário), um filme com as tintas e o humor de Kafka.

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