Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 17 de setembro de 2011

minimalismo

Releio a parte final do meu texto de abertura. Este blog não pretende nada. Um camarada me escreveu há cerca de dois meses dizendo coisas supimpas do meu texto de abertura, Lacan e tal. Lisonjeada. Mas é o seguinte: este meu mar costuma ser bem caprichoso ― o que de fato busco aqui obedece a demandas muito próprias. Tenho vontade de escrever, simplesmente, pelo prazer de escrever, de alinhar palavras e frases umas após as outras e ver o que sai. E não me esqueço de uma entrevista lida há bastante tempo com Raduan Nassar, então com dois livros publicados, que disse com todas as letras que tinha abandonado as letras para criar galinhas, além de outras temeridades. Poucas vezes vi tanta força no discernimento de um destino. Aquela entrevista me ajudou a saber mais de mim.

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