Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

cinema

Ao ver proliferar em blogs e sites especializados em cinema as listas dos mais mais de 2011, dou-me conta de que não fui, metonimicamente falando, ao cinema neste ano que ora finda. Nem tentei trazê-lo até mim, assistindo a filmes e filmes em casa. Assisti sim a muita coisa, desde que não se estabeleça como parâmetro os longas. Vi curtas como nunca, e o blog é um testemunho disso. Pequenos prazeres, sem o desconforto da bilheteria e do barulho das sacolas de pipoca. Dos poucos longas a que assisti, em casa, marcou-me em particular A Liberdade é Azul, bem como ter revisto Minha Vida de Cachorro. Há muitos longas a que quero assistir, mas isso não tem nada a ver com os filmes que a indústria do cinema escolhe anualmente para que eu veja. Há filmes incríveis ao alcance da mão (cada um tem o seu rol de imperdíveis ou obrigatórios), mas posso pensar no cinema como uma variante da leitura. 

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