Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 10 de dezembro de 2011

força

Ainda sobre a bondade, ocorreu-me depois que ela precisa vir acompanhada de alguma espécie de força, força aqui equivalendo à ausência de medo. Não pode haver bondade na fraqueza, porque esta faz par com o medo, e o medo está na origem das piores vilanias que o homem pode conhecer: traição, vingança, perjúrio, difamação, desejo puro e simples do mal. O medo faz o homem vacilar,  fraquejar. Por outro lado, a força excessiva pode destruir a bondade, porque confunde-se com poder. Na trama pensada por Foucault entre poder e conhecimento, fico imaginando em que interstícios a bondade teria ensejo de acontecer. 

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