Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

descanso

Não encontro adjetivos para o cansaço que percebi em mim ao me apanhar finalmente em casa neste primeiro dia de férias há muito adiadas e desejadas ― dia meia roda, porque afinal hoje ainda tive compromisso de trabalho. Cansaço que de repente pôde ter ensejo, o corpo, anestesiado pela rotina, que se permitiu ser corpo, limitado, frágil, necessitado de repouso, que afinal já começa por esta sensação intensa de corpo e espírito cansado, porque o cansaço, aquele do corpo moído, é já o começo do descanso.

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