Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

trecho de conversa: ruídos, nuvens, bordas...

“Pensemos: há guerra e luta em Grande sertão, também há guerra e luta em qualquer best seller. Por que a guerra e luta de Rosa é interessante? Arrisco: valem os tempos mortos, as esperas, as hesitações, a ação suspensa, o sensório-motor em xeque, o tempo fora dos gonzos. Não a expectativa pelo que virá, mas circunstâncias que abalam toda e qualquer identidade ou contradição. Momentos em que nós somos inseparáveis, em que somos paisagens. Ruídos, nuvens, bordas... O diabo no redemoinho...”

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