Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 20 de outubro de 2012

acidente

Coração batendo surdo. É quando o coração, ao bater, parece estar esbarrando em alguma coisa. Como se estivesse precisando de mais espaço. Acidente da semana: uma garrafa de vinho se espatifou no chão do supermercado quando passei estabanada, esbarrando o carrinho. Estava em local propício a acidentes, a garrafa. Paralisia momentânea, até me situar diante da garrafa de vinho espatifada no chão, com o vinho derramado. A enorme incompetência mesmo para quebrar acidentalmente uma garrafa de vinho no supermercado. O líquido colorido derramado. Incompetência ainda maior para lidar com esse bater surdo, o vinho tinto de contidas emoções, derramadas acidentalmente no coração. Esbarrei onde não devia, distraída estava.

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