terça-feira, 3 de abril de 2012

leitura de cabeceira

O homem que não viu seu amigo chorar
Ainda não chegou ao centro da experiência do amor.”
Murilo Mendes

soldado da razão

Quanto recebo da razão para tão mansamente servi-la?

mar sem fim

Aqui se tem vivido praticamente de safra alheia. Falta coragem.

vozes soturnas do mar

“Ouço as sirenes que cortam a noite como gemidos de homens que se perderam em águas distantes.” Murilo Rubião.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Herberto Helder: a ficção unitária do mundo

...
a ficção unitária do mundo é um modo demorado
de ver “uma porta que se abre” afinal subitamente
de uma certa ordem para uma ordem certa
...

Herberto Helder. Ou o poema contínuo. São Paulo: A Girafa, 2006, p.287.

a propósito de algumas conversas

O verso, ao ser digitado, ia saindo “vazio de pensamento”, em vez de vazio de pássaros. É bom que seja assim. Pensamento esvaziado.

Murilo Mendes


INICIAÇÃO

Constrói-se a linha sem ajuda.
Vive de sua lágrima o cristal,
A asa do anjo não se traduz
Em plástica,
E o som ignora o eco.

O espírito no escuro se levanta
Sem flecha e oriente certo.
Vazio de pássaros não se vela o céu,
E, sem mover-se, a pura chama arde.

MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p.550.

nosso primeiro de abril

Advertência!

Quem avisa, amigo é: se o governo continuar deixando que certos jornalistas falem em eleições; se o governo continuar deixando que determinados jornais façam restrições à sua política financeira; se o governo continuar deixando que alguns políticos teimem em manter suas candidaturas; se o governo continuar deixando que algumas pessoas continuem pensando com a própria cabeça; e, sobretudo, se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda sua irreverência e crítica, dentro em breve estaremos caindo numa democracia.
Revista Pif-Paf, 1964.

Millôr Fernandes. 30 anos de mim mesmo. Rio de Janeiro: Desiderata, 2006, p.161.