sábado, 2 de junho de 2012
Paulo Leminski
Quem nasce com coração?
Coração tem que ser feito.
Já tenho uma porção
Me infernando o peito.
Com isso ninguém nasça.
Coração é coisa rara,
Coisa que a gente acha
E é melhor encher a cara.
Paulo Leminski. Caprichos & relaxos. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
quinta-feira, 31 de maio de 2012
em boa companhia: a poesia de fernando pessoa
A morte chega cedo,
Pois breve é toda a vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
Pois breve é toda a vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
Fernando Pessoa. Poesia: 1931-1935. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p.177-178.
terça-feira, 29 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
[um poema que poderia ter sido escrito por fernando pessoa]
Viemos ao mundo no ventre do Acaso, e ele só, neste mundo,
Sem nos querer nem sonhar, célere nos acolheu.
BUENO, Alexei. Poemas gregos. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003, p.192.
o frescor de Deus
A brisa dessa manhã, à janela da cozinha, me trouxe Deus, misturado ao cheiro bom de café que vinha do ar vizinho.
domingo, 27 de maio de 2012
especulando
Pensando
na relação que mantenho com este espaço, surpreendeu-me um pouco (mas só um
pouco) a ideia de que a janela que se abre com o blog é uma espécie de espelho
― lugar em que me miro, mais do que quem eventualmente me lê. Não é
desconsideração com quem aqui aporta, lê e comenta ― é tão somente admitir que
todo diálogo (ou monólogo) se dá primeiro consigo mesmo.