sábado, 10 de novembro de 2012

lembrando um poema de bertold brecht

Lutar, lutar, lutar ― como uma coisa imperiosa, absoluta, que se impõe.
canção de Silvio Rodriguez

histórias para não dormir

Pensando bem, nem é estranho que a literatura (vale dizer, o que se encontra pressuposto neste termo) tenha se tornado um destino para mim: na infância, o conto da carochinha que me foi contado foram histórias de assombração de variado calibre ― o espírito da mata que assustava caçadores noturnos; o caixão que pesava sobre um carro passando, à noite, diante de um cemitério à beira da estrada; o diabo que veio pessoalmente dar uma surra, com suas poderosas línguas de fogo, num homem que havia duvidado de sua existência; mortos que apareciam a seus parentes... Fora a história da “fera da Penha”. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Alberto Caeiro

Duas horas e meia da madrugada. Acordo e adormeço.
Houve em mim um momento de vida diferente entre sono e sono.

Se ninguém condecora o sol por dar luz,
Para que condecoram quem é herói?

Durmo com a mesma razão com que acordo
E é no intervalo que existo.

Nesse momento, em que acordei, dei por todo o mundo ―
Uma grande noite incluindo tudo
Só para fora.

Poesia completa de Alberto Caeiro. São Paulo: Companhia de Bolso, 2005, p.139.