Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 26 de janeiro de 2013

armadilhas

Na semana que ora finda uma amiga veio conversar comigo, em tom de conselho, sobre a imagem que decantou de mim após certo episódio. Claro que percebi a armadilha. Eu disse a ela que minha imagem já tinha passado por coisas bem mais complicadas, e que nada disso impediu que eu chegasse onde cheguei. Pelo contrário, até ajudou, porque me mexi, segui adiante. A armadilha em que minha amiga caiu, e na qual queria me enredar, foi achar que o problema dela também podia ser um problema meu: preservar a qualquer custo uma imagem: a que cada um acredita ser sua. Foi isso o que a colega me disse, em tom de conselho. Ela me mediu por ela.

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