terça-feira, 9 de abril de 2013

Cecília Meireles

Pelos caminhos do mundo,
nenhum destino se perde:
há os grandes sonhos dos homens,
e a surda força dos vermes.

Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p.100.

domingo, 7 de abril de 2013

Rainer Maria Rilke

Se bem, como de uma prisão odiada e sofrida,
cada um de nós forceje por escapar de dentro
de si próprio, existe no mundo um grande portento
que sinto a cada passo: toda vida é vivida.

Quem a vive então? As coisas que, no fim do dia,
jamais executada melodia,
permanecem como sons numa harpa armazenados?
Vivem-na os ventos das águas desatados?
Ou os ramos, com os seus gestos descompassados?
Ou as flores, com os seus aromas misturados?
Ou das aleias, o longo leito sombreado?
Ou os animais cálidos que andam sobre o chão?
Ou, pelo céu afora, as aves de arribação?

Quem a vive? És tu, Deus, que vives a vida então?


Rainer Maria Rilke: poemas. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.69.