quinta-feira, 7 de novembro de 2013

uma boa notícia

Não estamos (muito) sós no Universo. E o ser humano talvez não seja a última bolacha do pacote, algo de que sua arrogância tem dado mostras. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Álvaro de Campos

[...]
Ah, quando nos fazemos ao mar
Quando largamos da terra, quando a vamos perdendo de vista,
Quando tudo se vai enchendo de vento puramente marítimo,
Quando a costa se torna uma linha sombria,
Nessa linha cada vez mais vaga no anoitecer (pairam luzes) —
Ah então que alegria de liberdade para quem se sente.
Cessa de haver razão para existir socialmente.
Não há já razões para amar, odiar, dever,
Não há já leis, não há mágoas que tenham sabor humano...
Há só a Partida Abstracta, o movimento das águas
O movimento do afastamento, o som
Das ondas arrulhando à proa,
E uma grande paz intranquila entrando suave, no espírito.

Poesia completa de Álvaro de Campos. Ed. Teresa Rita Lopes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007, p.219.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

sentimentos mínimos

A diferença entre saber-se e sentir-se insignificante é dada pela angústia que se sente diante do sentimento da insignificância, uma percepção que empurra para a escrita.

Paulo Henriques Britto

Viver momento a momento
com a insensatez dos insetos
que arremetem impávidos
contra o real da vidraça
obedecendo sem trégua
à lógica imperturbável
que trazem em suas entranhas.

Paulo Henriques Britto. Formas do nada. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 62.