sábado, 15 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Raimundo Correia
MAL SECRETO
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Roteiro da poesia
brasileira: Parnasianismo. São Paulo: Global,
2006, p.32-33.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
escrever
"A harmonia
secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda
se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por
acrobáticas e aéreas piruetas — escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever
só esteja me dando a grande medida do silêncio.”
Clarice Lispector. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p.12-13.