sábado, 6 de julho de 2019

de vez

Professor de português
perde a cabeça de vez.
Nada há a fazer
a não ser um poema
sobre frutos ainda
de vez.

Ana Cristina César: "Psicografia"

Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto

CÉSAR, Ana Cristina. Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.193.