sábado, 28 de agosto de 2010

Cláudio Manuel da Costa

Soneto XCVIII

Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci: oh! quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência, mais se apura.

Fonte: ALCIDES, Sérgio. Estes penhascos: Cláudio Manuel da Costa e as paisagens de Minas. São Paulo: Hucitec, 2003, p.14-15.

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