Há mulheres - não importa com quantos véus de mistério se escondam (ou se revelem) - que mantêm algo intocável: o pudor. O pudor é aquilo que lentamente se constrói na relação com o próprio corpo, um modo muito particular de se relacionar com o que a Clarice Lispector narra na crônica "A descoberta do mundo": "Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino. Pois juro que a vida é bonita." (A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.115).
Nenhum comentário:
Postar um comentário