quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Manuel Bandeira: um poema musicado

Baladilha arcaica

Na velha torre quadrangular
Vivia a Virgem dos Devaneios...
Tão alvos braços... Tão lindos seios...
Tão alvos seios por afagar...

A sua vista não ia além
Dos quatro muros que a enclausuravam,
E ninguém via ― ninguém, ninguém ―
Os meigos olhos que suspiravam.

Entanto fora, se algum zagal,
Por noites brancas de lua cheia,
Ali passava, vindo do val,
Em si dizia: ― Que torre feia!

Um dia a Virgem desconhecida
Da velha torre quadrangular
Morreu inane, desfalecida,
Desfalecida de suspirar...

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003, p.96.

Uma boa surpresa: encontrei uma versão musicada do poema, pela cantora Ana Cristina ― segue o link da Rádio UOL (aqui). Site oficial da cantora (aqui).

Nenhum comentário:

Postar um comentário