Uma das crônicas relatava a situação de um sujeito entrando numa loja, dessas que vendiam de tudo (mas anteriores ao fenômeno 1,99), para comprar um objeto de cujo nome ele não se lembrava. Então era curioso o contorcionismo, o verdadeiro malabarismo mental que ele fazia para o vendedor tentando explicar o que queria, enquanto o vendedor ia oferecendo possibilidades, soluções, ou seja, nomes que poderiam equivaler ao objeto. E a crônica era muito bem pensada, pois realmente não dava para atinar que se tratava de um... Me ocorreu, vagamente, que sem as palavras fica mesmo difícil lidar com as coisas. A outra crônica também tinha como cenário uma loja, um comprador e um vendedor. Este, um pouco desligado da vida, está em busca de um aparelho de televisão, e aí o vendedor se apressa em mostrar as muitas qualidades de um televisor que se encontrava ligado, e em torno do qual estava reunido um grupo expressivo de pessoas, um tanto quanto agitadas. O vendedor começa a explorar isso, as diferentes emoções manifestadas diante do televisor, esmera-se nos detalhes, enaltecendo o poder do aparelho (tratava-se de fato de um comprador ingênuo e um vendedor esperto, mas portando uma certa malícia que deu lugar a formas mais agressivas de persuasão), e acaba convencendo o comprador. Só que se tratava de um jogo de copa do mundo, não sei se final, Brasil e qualquer coisa, e o comprador se encaminha ingenuamente, por sugestão do vendedor, em direção ao aparelho para desligá-lo e levá-lo para casa.
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