domingo, 24 de outubro de 2010

metáforas náuticas

Sonhos são mares encapelados, difíceis de navegar, dos quais se acorda com a sensação de quem retorna de uma terra estrangeira ― para mais um dia de terra supostamente familiar, ao longo do qual as imagens estranhas vão se diluir, mas podendo voltar num lampejo, numa fala, numa decisão (tomada no ato de acordar do sonho, embora nem sempre se saiba que é assim). E o dia eventualmente retornará na noite seguinte, em forma de signos confusos, textos fragmentários misturados, imagens díspares tramando uma insólita contiguidade entre si. A trama da noite tece com o enredo do dia um diálogo de fios tênues, soltos, evasivos, um tecido  atravessado de ruídos ― noite e dia  em que navegam, qual Ulisses, homem e vida. 

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