domingo, 7 de novembro de 2010

luxo supremo

Chega uma certa altura da vida em que o cidadão (ou cidadã) pode dar-se ao luxo (ou dar-se o luxo) de escolher as bobagens que vai ouvir (lato sensu) daí por diante. É o caso desta que vos escreve, sem ter a menor noção de quem seja esse "vós". É preciso, minimamente, que a bobagem divirta, traga algum humor. Bobagens aborrecidas (e gente idem) ficam para trás, na fase do test drive, em que a pessoa pensa que está ensaiando para a vida, e faz algumas concessões, quando na verdade a vida, que é sempre vida, está a toda. Um amigo, polido e cioso da linguagem a se empregar com damas, me escreveu recentemente, em expressão cifrada, uma alusão aos chatos em enésima potência  falávamos evidentemente de terceiros. E olha que eu sou chata. A diferença é que sei disso. Assim como sei que a maior parte do que escrevo são bobagens. Mas escrevo pelo puro e simples prazer de escrever. E descobri que a vida não é ensaio numa experiência muito simples: andar de avião. Simplesmente perdi o medo, é como estar em outro lugar estando aqui mesmo. Fui ao limite de mim mesma, aos confins do que até hoje experienciei como "humano" (dizer "confins do humano" seria por demais presunçoso), ao me impor algo cuja simples ideia se me afigurava insuportável. Estive lá, não sei bem onde, a não sei quantos pés de altitude, pés apoiados em solo falso. O solo aqui embaixo também é falso, e estou deixando um pouco os pés me guiarem.

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