sábado, 18 de dezembro de 2010

O homem que copiava (Jorge Furtado, 2003)

O homem que copiava é um filme sobre impossiblidades. Antes, um filme sobre o que é verossímil quando o assunto é ficção. Os sonetos de Shakespeare não são gratuitos, como nada é gratuito neste filme que é o melhor, talvez o único filme de fato, excetuando-se o excelente curta Ilha das Flores (aqui), do diretor Jorge Furtado. Não há sinopse ou resenha que dê conta de O homem que copiava, pois o que está em jogo não é a história em si, é o narrar, como criar e tornar verossímeis personagens e situações. Talvez Jorge Furtado tenha lido algo da teoria da causalidade de Jorge Luis Borges na narrativa romanesca. É um filme para se assistir pelo prazer da narrativa. E como nada é casual no filme, aparece no final uma misteriosa galinha, numa excelente sacada do diretor. Na revista Contracampo (aqui) há um depoimento sobre o filme, atribuído ao diretor. Mas o melhor talvez seja não conferir e ir direto ao filme, tentar decifrar seu enigma, o enigma da galinha, os enigmas de André (Lázaro Ramos) e Sílvia (Leandra Leal), contrabalançados pelas armações de Marinês (Luana Piovani) e Cardoso (Pedro Cardoso). Todos em atuações impecáveis e cheias de humor. 

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