Há um equívoco na palavra comunicação. Via de regra, as pessoas escutam apenas o que querem escutar, o que leva mais à concordância e ao assentimento que a uma eventual mudança de perspectiva. É como se as conversas, por polidez e o mais, não passassem de trocas de interjeições. Mudar de perspectiva, no sentido que Nietzsche deu ao termo, assumindo que tudo o que se tem são perspectivas, exige um desprendimento que o conforto a que se habituou um burguês quadrado (para empregar expressão de Clarice Lispector em crônica acerca de uma tela de Paul Klee, transcrita neste blog) não permite: "a possibilidade, a que é verdadeiramente, não é para ser explicada a um burguês quadrado. E à medida que a pessoa quiser explicar se enreda em palavras, poderá perder a coragem, estará perdendo a liberdade."
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