O turista acidental é um filme já meio antigo, que não tenho certeza se assisti ou não. Para não parecer plágio, cito-o de saída para justificar a expressão que utilizo para falar de coisas que não têm nada a ver com o filme. Apenas calhou bem a ideia de um turismo não programado para remeter a algo bem simples: a cidade do Rio de Janeiro prega peças em quem não a conhece bem, e hoje foi mais um daqueles dias em que me vi fazendo coisas não programadas. Saio do cinema, preciso almoçar (não deu tempo antes), procuro um lugar nas imediações e nada convence muito. Dirijo-me ao metrô, tencionando ir para o Centro, mas está impraticável. Tomo o rumo oposto, de Ipanema, onde consigo encontrar um lugar para comer. Resolvo então fazer diferente, tomar um ônibus até a Presidente Vargas, e aí entra o turismo acidental: passo por lugares desconhecidos, enquanto o ônibus roda. E quanto mais o ônibus roda pela zona sul (e quanto mais vou lá), mais sei que não é por lá que quero morar. Passo pela avenida Copacabana, nem sombra de um rato para assustar a Clarice Lispector. O ônibus roda mais, estou de volta a Botafogo, também não empolga. Pela primeira vez, creio, passo no túnel Santa Bárbara, e do outro lado, já no Centro, descortino, numa região que não conhecia e que fica atrás do Sambódromo, uma igreja que se destaca na paisagem. Em quase todos os lugares por que passei, uma nesga de ruína, uma amostra de paisagem contradizendo o cartão postal. De forma que esse turismo não programado tem me feito grandes favores.
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