sábado, 26 de fevereiro de 2011

em território de Alice

Vi-me, em sonho, em território de Alice: pagando tributos em demasia, fazendo muitas reverências a Vossa Majestade. Os pronomes de tratamento não são aprendidos/ensinados impunemente: junto com eles apreende-se uma/a hierarquia. Mas, por outro lado, é uma maravilha poder aprender a língua, pois apreendem-se outras formas de dizer uma coisa, que é, quem sabe, dizer outra coisa. Então sonhei-me, confusamente, em território de Alice: havia reis e majestades, havia tirania, então entendi tratar-se do território de Alice. Mas dizer território de Alice é dizer de uma posse. Jamais posso me esquecer que ensinei isso aos alunos: “Vossa Onipotência ―” (assim, dessa forma, com um travessão em seguida) é o pronome de tratamento destinado a Deus, e não se usa, conforme a gramática que consultei, de Evanildo Bechara, abreviadamente, ao contrário dos demais, que admitem abreviatura. Deus seria tão vasto que não admitiria sequer ser sequestrado na/pela linguagem.

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