terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sous le Sable (François Ozon, França, 2000)

Sob a Areia é um suspense focalizando os desdobramentos, sobre o psiquismo de uma mulher, do incógnito desaparecimento de seu marido numa praia, então acompanhado dela. A cena inicial, na praia, é muito límpida: o marido sai e não retorna. A cena final, também na praia, é um atordoamento. Os comentários sobre o filme, como este, inspirado no universo de Virgina Woolf, apostam na morte como motivo do desaparecimento e na questão da dificuldade de elaborar o luto por parte da mulher. Mas não há evidências definitivas de que ele tenha morrido afogado. É incrível o prestígio do mito do amor eterno e seu correlato civil, o casamento. O marido simplesmente pode ter se levantado e ido embora para nunca mais, e talvez essa desconfiança seja a fonte maior da confusão mental em que a mulher mergulha, pondo em dúvida a própria relação vivida até então. É uma hipótese a ser trilhada, em vez de simplesmente apostar no happily never after de um casamento bruscamente interrompido por uma morte por afogamento, com o inconveniente do corpo não ser encontrado. As cenas ambíguas que a mulher vive, após o desaparecimento, com o marido, sugerem que esse corpo pode não ter se tornado fantasmático de uma hora para outra.

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