Paciência é algo difícil de ser conjugado quando o bom senso é muito afrontado. Cai-se no risco da passividade. As coisas funcionam de forma estranha neste país, com variações de estado a estado. Ineficiência, lentidão, burocracia excessiva, feriados em demasia, e a sensação de correr contra o tempo, de que a própria vida está atrasada. Daí a sensação de angústia. Daí que é preciso agir, mas intuindo qual é a ação, que fornece uma espécie de limite: a intuição ilumina a ação, a ação é uma forma de colocar um limite ao que estava incomodando. Então hoje, depois de um desses bastas que têm o poder de catarse de um palavrão, vi numa banca de jornais, num daqueles jornalecos sensacionalistas cujo único fim é chocar, uma imagem tão grotesca, tão ofensiva à própria vida, que me assustei com os limites da vida, da ação, da inteligência, da intuição, do acaso, de tudo. Era, digamos assim, o meu rato (quem puder que entenda). Diante do grotesco, do monstruoso, primeiro emudecemos, dando um grito abafado pelo susto. Imediatamente se deseja fugir, pois nada parece fazer mesmo sentido. O monstruoso que ali via simplesmente me dava os limites da vida, e por isso assustava, pois as pessoas querem viver, e a travessia poderia ser um pouco mais suave. Mas os jornais insistem em gritar misérias todos os dias.
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