Essa é de fato uma sessão nostalgia, dos anos 80, mas também de mim nos 80. Uma nostalgia de mim mesma. Eu não passava de uma adolescente quando vários crooners e nomes de peso do pop rock resolveram se reunir em prol de uma causa humanitária e cantaram We Are The World. Sem hipocrisia ou falso desdém: ficou bonito. A época pedia. É ímpar ter vivido a adolescência nos anos 80: havia uma promessa de qualquer coisa que não se cumpriu, havia uma esperança, creio que havia mais boa vontade de construir um mundo melhor, sentimentos que também costumam pontificar na adolescência. Ou quem sabe é a memória do que eu era então que os projeta na época. Não havia qualquer contradição entre ser inteligente e acreditar no ser humano. Eu acreditava sobretudo em mim, e a vida fluía. Não é que não havia problemas: havia esperança, mas de um modo que nem precisava saber que havia. A memória é movediça, sou e não sou a adolescente que fui. Alguma coisa muito boa daquele tempo persistiu, latente, e vem ressurgindo.
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