"VIPs é o típico filme feito com a estética dos publicitários, e pela primeira vez essa constatação não é necessariamente um demérito", diz o omelete. Pois vou assistir essa bobagem, porque estou precisando de ir ao cinema apenas para me divertir. Depois de ter conferido O Discurso do Rei e me perguntado por que um filme tão insosso foi o grande vencedor do Oscar 2011, posso perfeitamente me permitir uma bobagem sem fins lucrativos, ao contrário, por exemplo, do que seria assistir Cisne Negro porque quase todo mundo disse que é bom, muito bom (mas houve quem dissesse que não). E há um motivo adicional: uma reminiscência de infância, ou juventude talvez. Havia um radinho de pilha que eu colava ao ouvido, e na estação que sintonizava passava sempre uma voz agradável de locutor falando do VIPs motel: era tão bem feita a propaganda que devia ser um lugar muito agradável, de alto nível: pelo menos era essa a imagem passada. Havia uma leveza em tudo, e até hoje não consigo entender o modo como então escutava a palavra motel: escutava sem perguntar, sem saber, sem querer saber. Escutava inocentemente. Sabia vagamente o que seria um motel, mas isso não interessava. Queria mesmo saber o que era VIPs. Quem seriam os VIPs? Por que, me perguntava então, sem sentir qualquer necessidade de resposta, algumas pessoas eram chamadas de VIPs? Agora sei: Very Important Person. A pessoa mais VIP com quem esbarrei na vida, e nem sei se ele aceitaria o rótulo, foi Caetano Veloso. Portanto, vou assistir ao filme para finalmente saber o que é um VIP.
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