Daqui a um mês, pouco mais, pouco menos, me mudo de casa aqui no Rio de Janeiro. Alguma coisa em mim já se enraizou nesta cidade desorganizada. Vencido o primeiro ano de rejeição, cumprido o compromisso com a finalização da tese, posso enfim mudar de casa, sabendo o suficiente da cidade para escolher um lugar. Por que mudar? Porque é necessário. Dois anos numa casa que seria apenas uma solução a curto prazo, uma casa que habitei mas não sei se me habitou. Por que então tanto tempo? Porque não é simples ou fácil. Com a escrita de uma tese entre as coisas a transportar, fica complicado pensar em mudança. Então fui ficando. Até que, por acaso, dentro da inquietude que não desiste de procurar, um lugar apareceu. Um lugar que me agradou, não totalmente, é certo, mas que vou conseguir habitar, conforme me pareceu. Então é assim: finalmente estou podendo escolher um lugar para morar nesta cidade que não escolhi, para a qual me vi empurrada, mas que agora, vez ou outra, flagro como minha. É algo muito de relance: olho uma paisagem pela janela do ônibus e constato: moro aqui. Nestes dois anos, percorri intensamente a cidade, e percebi por exemplo que o que mais gosto nela não está no cartão postal ― com exceção do mar.
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