Se eu não escrever, sufoco. Isto, dito assim, num blog bem comportado, pode soar temerário. No entanto, o fato de ser lida não pode significar uma censura ao que me impulsiona para a escrita. Tento atar extremos, volto à infância, procuro respostas para o presente. O presente são dois anos de Rio de Janeiro, e não é a mesma coisa que ter nascido aqui. Nas ruas do Centro reconheço a cidade como minha, que esta agora é minha cidade, que Minas e o Espírito Santo ficaram para trás. Mas é um reconhecer de quem toma posse pelo olhar: de quem se dá conta, entre uma rua e outra. Toda semana, quando vou à zona sul para a sessão de análise, nas proximidades do Jardim Botânico, me lembro da Clarice Lispector: para mim o Jardim Botânico é inseparável do que dele disseram Tom Jobim e a Clarice. Mas ambos já morreram, o trânsito por lá via de regra encontra-se engarrafado, as pessoas têm pressa, e na pressa lotam os ônibus e o metrô. Da rua Jardim Botânico entrevejo a Lagoa, e só: nenhum desejo de caminhar em sua orla. Ao alto, um Cristo sossegado me ignora. Então dou meia volta e me dirijo para a sessão. Depois, vou almoçar, tomo novamente o metrô e volto para casa, não sem antes passar pelo Centro e me deixar ir por aquelas ruas estreitas, antigas e movimentadas. Sem dúvida a arquitetura mais bela da cidade. P.S. Hoje ainda é terça, mas acordei certa de que já era sábado. Sem dúvida sintoma de uma enorme vontade de ficar em casa, lendo, escrevendo, fazendo o que me agrada.
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