quinta-feira, 5 de maio de 2011

Jorge Luis Borges

PÁTIO

Com a tarde
Cansaram-se as duas ou três cores do pátio.
A grande franqueza da lua cheia
Já não entusiasma o seu habitual firmamento.
Hoje que o céu está frisado,
Dirá a crendice que morreu um anjinho.
Pátio, céu canalizado.
O pátio é a janela
Por onde Deus olha as almas.
O pátio é o declive
Por onde se derrama o céu na casa.
Serena
A eternidade espera na encruzilhada as estrelas.
Lindo é viver na amizade obscura
De um saguão, de uma aba de telhado e de uma cisterna.

BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009, p.360.  

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