sexta-feira, 20 de maio de 2011

percepção

Sou professora... e escrevo. Não é o mesmo que ser escritora, que soa como profissão. A profissão veio em forma substantivada, enquanto escrever envolve uma ação diferente, que tem um fim em si mesma. Escrever é uma demanda, nunca cansa, enquanto o ofício está ligado à sobrevivência, embora exercido com apreço no caso de condições favoráveis. Escrever tornou-se uma necessidade imperiosa, e a cada volta da escrita descubro o impossível que ficaria obnubilado se palavras não fossem trazidas a lume, movidas pela necessidade de acessar o impossível. Poderia dizer que minha relação com as palavras é quase tátil se isso não fosse uma expressão esvaziada de tanto já ter sido dita. Como falar então deste quase tocar a palavra, dessa relação íntima que se renova a cada dia? Sinto-as, as palavras, nos dedos, enquanto estou escrevendo, e sei que nelas está uma parte do que busco. A outra, não sei... ainda. A novidade de cada dia é o modo com que a rede vai se armando. A propósito, esta semana Drummond fez-me a gentileza de confirmar o que já intuía, no sentido de unir pontas aparentemente desconexas: "No elevador penso na roça / na roça penso no elevador." ("Explicação")

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