quinta-feira, 2 de junho de 2011

Alexei Bueno

ISOLAMENTO

Todo o ruído passa. O ruído é muitos.
Uno é o silêncio, e eterno.
Assim a noite, entre os dias fortuitos,
Ergue um só rosto interno.

E entre uma e os outros nós andamos, juntos
No único tempo, o agora.
Mas nem aqui, nem nos dias defuntos,
Seremos na mesma hora.

Pois esta que é e as que não são, unidas,
Separarão sem pena
As nossas almas, nossas mãos perdidas
Da mão que nos acena.

BUENO, Alexei. Lucernário. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003, p.249.

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