A bondade é uma coisa que foi aparecendo bem aos poucos em mim. Assisto em mim a uma espécie de generosidade entranhada, mas ao mesmo tempo com um tom de impessoalidade. Pois continuo perfeitamente capaz de sentir ódio, se for o caso. Ódio, desprezo, desdém e indiferença são sentimentos que aparecem quando me deparo com uma cegueira maior que a minha, e que de alguma forma me afeta negativamente. Não há nada de cristão em minha bondade. É assim: não quero poluir o meio ambiente, então procuro um posto de coleta seletiva de pilhas e baterias, embora eles estejam mais e mais escassos. Não quero fazer o mal, muito menos o mal absoluto, tomo muito cuidado, mas não aceito que me façam mal. Não permito. Pois é simples: o primeiro beneficiário de qualquer bondade que possa haver em mim deve ser eu mesma. Preciso ser generosa comigo, preciso escrever quando sinto necessidade, trabalhar corretamente, (me-)afastar (d)os envenenadores e produtores da má consciência. Essa operação é complexa, pede filtros sutis e preciosos, mas sem ela o melhor de mim vai ficar condenado às sombras. Porque sei o quanto há de bondade em mim, mas ela só aparece com os canais desobstruídos. Caso contrário, ela perece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário