sexta-feira, 3 de junho de 2011

digerindo a noite

Os sonhos desta noite e desses dias. Uma senha: no sonho, digo a alguém que tudo não passa de um sonho, e que felizmente vou acordar. A matéria do sonho: o dia. O pior pode ser entender um sonho. Na noite sonho que quero acordar do dia. Do caos das imagens dos meus sonhos vou emergindo como quem recobra aos poucos a consciência depois da anestesia, mas, ao contrário da cirurgia, quer saber o que se passou enquanto dormia. Tenho me recordado intensamente das imagens desconexas dos sonhos recentes: elas me chegam já embrulhadas pela tentativa de decifrar própria da hermenêutica do dia. Então a noite, para se defender, vinga-se dizendo-me ser impossível acordar do dia, que o dia é outra matéria, que ele penetra o sonho mas quer linguagem própria, não tolera a hermenêutica do dia.

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