Minha preguiça de sair de casa anda imbatível. Ocorre que liguei para uma amiga, buscando solução para fugir de um programa pouco convidativo. Ela disse que teria hoje um queijos e vinhos com um pessoal conhecido dela, e comentou en passant que se intitulam “do lado de cá”, me convidando. Basta morar no Rio de Janeiro para saber o que é este lado de cá. Então eu, que moro em Jacaresilvânia (homenagem ao belo Castelo dos Vinhos que abre minha rua), sou bem lado de cá, à esquerda da esquerda, quase já um outro lado do lado de cá, que é de lá. E se me conheço bem, embora tenha combinado quase cem por cento certeza, não vou ao queijos e vinhos. É que o canto que me calhou morar no Rio de Janeiro é tão bom (sequer lembra a cidade que vive aparecendo na televisão, nos seus extremos, Leblon e Alemão) que veio perfeitamente ao encontro de minha fome de ler e escrever, de simplesmente estar em casa, maior, certamente, que a vontade de sair, pelo menos por enquanto. Porque quando a pessoa se descobre de posse de alguma coisa muito boa é difícil trocá-la por outra, ainda que pessoas incríveis possam estar à espera. Dizer mais do que isso é desnecessário. Apenas isto, então: minha nova casa deu-me algo que já tive algumas vezes, sem saber que tinha, e que por isso voltava a perder: uma espécie de limite para a rua.
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