sábado, 13 de agosto de 2011

William Carlos Williams e Juan Gris

Flowers, 1914. Fonte: Juan Gris The Complete Works
Outros detalhes AQUI.


A ROSA

A rosa é obsoleta
mas cada pétala sua finda em
gume, a dúplice face
cimentando as estriadas
colunas de ar ― o gume
corta sem cortar
encontra ― nada ― se renova
a si mesmo em metal ou porcelana ―

aonde? Finda ―

Mas se finda
o início começa
de modo que avir-se com rosas
torna-se uma geometria ―

Mas afiada, nítida, cortante
pintada na faiança ―
o prato quebrado
como uma rosa vítrea

Algures o bom senso
faz rosas de cobre
rosas de aço ―

A rosa tinha peso de amor
mas o amor está no fim ― das rosas
Está no gume da
pétala que amor aguarda

Crespa, cinzelada até frustrar
o desvalor ― frágil
úmida, arrancada, soerguida
fria, precisa, comovente

O que

O lugar entre o gume das
pétalas e o

Do gume das pétalas sai uma linha
que por ser de aço
infinitamente fino, infinitamente
rijo penetra
a Via Láctea
sem contacto ― alçando-se além
dela  ― sem pender
nem impelir ―

A fragilidade da flor
ilesa
penetra o espaço.


THE ROSE

The rose is obsolete 
but each petal ends in 
an edge, the double facet 
cementing the grooved 
columns of air ― The edge 
cuts without cutting 
meets ― nothing― renews 
itself in metal or porcelain ―

whither? It ends ―

But if it ends 
the start is begun 
so that to engage roses 
becomes a geometry ―

Sharper, neater, more cutting 
figured in majolica ― 
the broken plate 
glazed with a rose

Somewhere the sense 
makes copper roses 
steel roses ―

The rose carried weight of love 
but love is at an end ― of roses
It is at the edge of the 
petal that love waits

Crisp, worked to defeat 
laboredness ― fragile 
plucked, moist, half-raised 
cold, precise, touching

What

The place between the petal's 
edge and the

From the petal's edge a line starts 
that being of steel 
infinitely fine, infinitely 
rigid penetrates 
the Milky Way 
without contact ― lifting 
from it ― neither hanging 
nor pushing ―

The fragility of the flower 
unbruised 
penetrates space.

WILLIAMS, William Carlos. Poemas. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p.62-65.

Nenhum comentário:

Postar um comentário