sábado, 15 de outubro de 2011

Álvaro de Campos

Álvaro de Campos tem uma característica rara: condensar num verso um universo ― verso (uni)verso. O que equivale a dizer que poderiam figurar como poemas de um único verso. Numa amostra casual:

“Que mal fiz eu aos deuses todos?”

“O ter deveres, que prolixa coisa!”

“Ah, as horas indecisas em que a minha vida parece de um outro...”

“O tumulto concentrado da minha imaginação intelectual...”

“Grandes mágoas de todas as coisas serem bocados...”

“Perdi a esperança como uma carteira vazia...”

“Não se preocupem comigo: também tenho a verdade.”

“Mas eu não tenho problemas; tenho só mistérios.”

Não diria o Universo... seria (um verso) impossível.
“Ó Verdade, esquece-te de mim!”
Amanheço lendo Álvaro de Campos.


Todos os versos citados de: Poesia completa de Álvaro de Campos. Org. Rita Lopes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007, respectivamente páginas: 242; 233; 232; 251; 277; 286; 341; 450; 299.

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