Após a leitura de uma teoria sofisticada sobre o capitalismo, e constatados a geladeira e os armários vazios, fez-se imprescindível uma visita rápida ao supermercado (manhã de sábado, primeiro dia do mês, superlativamente um quente e ensolarado dia de rock), que ilustrou de forma cabal a teoria: a agitação das pessoas, carrinhos chocando-se, falta de espaço, mercadorias migrando das prateleiras para os escaninhos dos consumidores, o consumo que nunca é consumo apenas de mercadorias, mas de uma ideia, de muitas ideias, de modos de vida. Então, lembrando-me de uma situação recente vivida no divã, me dei conta de que quero falar de Zizek e não de Cazuza. Na hora achei graça na coincidência da letra Z e sorri, mais para dentro, percebendo que alguém me notava sorrindo. Sorri e apressei o passo. Ali só fico o indispensável. Na estética do capitalismo, o supermercado é o lugar em que a mercadoria atrita com o desejo de liberdade, embora pareça o tempo todo satisfazê-lo.
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