Você obedece, instintivamente obedece, até que um dia não concorda, aprende a não concordar, desobedece, arca com a desobediência até não poder mais, volta a obedecer com a sensação de ser um desobediente rendido, obediente tendo latente em si a desobediência, experimenta de novo a desobediência, sente frio, sente dor, percebe que os limites testam o próprio corpo, a alma é agreste mas o corpo é civil, deseja então um outro corpo, um corpo apto para a desobediência, mas percebe que ce n’est pas possible, é com esse pobre e frágil corpo que terá que se haver, sabendo que as duas coisas, obediência e desobediência, têm endereço certo no corpo, pois que precisam dele para sustentar seu movimento.
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