O acaso, esse misterioso senhor, ajuda a tecer enredos ou está inscrito neles? Quando Machado de Assis, nas Memórias póstumas, referiu-se ironicamente ao pobre destino como grande procurador dos negócios humanos, pilheriava, com seu ceticismo, qualquer esforço de transcendência que alguém pudesse fazer, afinal nosso único legado seria a miséria ― naturalmente tinha em mira a miséria espiritual. Acontece que hoje o acaso me foi bastante generoso, sem eu precisar imaginar uma mão oculta do destino. O que preciso, mesmo, é escrever sobre isso, sobre qualquer coisa que me soe com um sentido diferente do previsível, que possa inclusive contrariá-lo.
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