Admiração não se confunde com amor e amizade ― pelo contrário, pode ofuscá-los. Há qualquer coisa de exterioridade na admiração: ad-mirar, olhar que se aproxima, que se quer próximo, mas que para na pura exterioridade do gesto, na opacidade (epiderme não transparente) daquele que resiste à admiração. As palavras, na admiração, são excessivas e nunca bastantes. Simplesmente porque na admiração busca-se no outro a confirmação do próprio narcisismo. Gostar tem outra qualidade, e inclusive pode economizar palavras. A propósito, Fernando Pessoa distinguiu bem as duas coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário