Diante do calor intenso ao retornar do trabalho, por volta de meio dia, percebi no trajeto uma nova filial de uma conspícua rede de farmácia. Com o sol a pino, um detalhe me chamou a atenção: não havia qualquer marquise na loja, nem mesmo que a justificativa fosse o estacionamento ― o prédio que abriga a loja parecia um cubo, ou uma figura geométrica correlata. Quer dizer, não há intenção de abrigar o cliente ou transeunte nas imediações, seja da chuva ou do sol. Não é a primeira vez que noto isso, um estabelecimento comercial a descurar das marquises. E então me ocorreu que pode ser algo premeditado, não no sentido da economia de uma quantia irrisória de cimento ou mão-de-obra, mas para que o local, em hipótese alguma, venha a abrigar moradores de rua, ou mesmo camelôs. Principalmente os primeiros. A imagem também me remeteu a uma das cenas mais cruéis do livro Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão ― um grande nada, o sol e o calor intenso tomando conta de tudo.
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