sábado, 14 de janeiro de 2012

Dora Ferreira da Silva (após uma reunião de amigos: garça ― graça)

GARÇAS

Flores aparentes
que no azul deslizam
poemas de plumas intocáveis.

De que matéria ― ó dúcteis ―
esse perfil pousado em forma
subitamente imóvel?

Uno alvo graça e vida
nos alagados que vos refletem.
Brilham olhos contemplativos.

Oscila o campo verde
e as pálpebras se fecham para o voo
da brancura que a ninguém pertence.

Dora Ferreira da Silva. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999, p.351-352.

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