domingo, 26 de fevereiro de 2012

Álvaro de Campos

O mesmo Teucro duce et auspice Teucro 
É sempre cras — amanhã — que nos faremos ao mar. 
 
Sossega, coração inútil, sossega! 
Sossega, porque nada há que esperar, 
E por isso nada que desesperar também... 
Sossega... Por cima do muro da quinta 
Sobe longínquo o olival alheio. 
Assim na infância vi outro que não era este: 
Não sei se foram os mesmos olhos da mesma alma que o viram. 
Adiamos tudo, até que a morte chegue. 
Adiamos tudo e o entendimento de tudo, 
Com um cansaço antecipado de tudo, 
Com uma saudade prognóstica e vazia.

PESSOA, Fernando. Poesia completa de Álvaro de Campos. Ed. Teresa Rita Lopes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2007, p.386.

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