sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dora Ferreira da Silva

PÁGINA AVULSA

Esquece a palavra e mesmo a partitura
ouve a música inesperada desse caminho
em que ela andou e era manhã.
Outros caminhavam a seu lado
riam. Havia sempre uma flor desconhecida
cor e perfume diversos dos ramos de outros dias.
Uma ninfa de azul tudo olhava.
Tu sei una visuale”, alguém dizia.
Ela olhava absorta. Me piace il tuo silenzio
a voz prosseguia. Cantavam águas
passos ecoavam nas pedras que sempre por ali havia.
Isso foi ontem
              hoje é outro dia.
No mesmo caminho ela segue
vendo/ouvindo o fantasioso viver
mais um dia
             mais um dia.

Dora Ferreira da Silva. Poesia reunida. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999, p.394-395.

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